terça-feira, 26 de maio de 2009

Paixão

Paixão: Nome feminino emprestado muito cedo (cerca de 980) e usual no sec. XVI ao latim passio, passionis, formado sobre passum, supin do verbo pati «padecer, sofrer». Seu uso foi atribuído uma primeira vez pelo gramático Charisius (século IV) em relação à Varão no sentido de «dor moral» passio é realmente atestado desde o século II (Apuleu) no sentido de «ato de sofrer». Ele é usado para uma “ação que vem do exterior“ opondo-se à natura (natureza). A palavra designa especialmente a dor física, a doença, (século III) e ele é usado no latim cristã para designar os sofrimentos do Cristo (textos patristicos desde Tertullino) e aquela dor, aqueles sofrimentos dos martírios (397 Concilio de Cartago), depois, por metonímia, o Domingo antes da Páscoa, no qual é comemorada a crucificação.(século VII). À partir do final do século III, passio conhece um uso ativo no sentido de «movimento, afeição, sentimento da alma» (Arnobe, Santo Augustino), especialmente no plural e com um valor pejorativo: «As Paixões» (lês passions)

«passiones peccatorum, passiones carnales» ele traduz então o grego pathos.


Desde o antigo Francês, passion designa por extensão um sofrimento físico (cerca de 1225) antes de ser reservado a uma afecção da alma (inicio do século XIII). Primeiramente na expressão passion d´amor (Paixão de amor) aplicado ao amor de um pai para o seu filho. No séc. XVI, a palavra toma o senso de “sofrimento torturante provocado pelo amor” (1569 Ronsard), em particular no plural poético, Les passions (As paixões) (1572). As suas outras acepções apareceram nos séculos XVI e XVIII, passion se diz então por um partido; paixões partidária, em particular por sem paixão (1607), ele designa a viva afecção que se tem por alguma coisa (1621), à propósito da liberdade, do calor, da sensação que anima uma obra literária ou artística e por metonímia o objeto da afecção (1621) falando de uma pessoa. Paralelamente, o termo desenvolveu um sentido filosófico elaborado por Oresmo que traduzindo o Latim passio o aplica ao fato de sofrer, a impressão recebida pelo sujeito (por oposição a ação) (1370) depois em Calvino, que remete as condições (pecado, miséria,morte) que o homem sofre (1588). No século XVII, Descartes (16649 Tratado das paixões da alma) retoma a distinção paixão-ação, chamando paixão o que o sujeito sofre e ação o que ele faz sofrer à outros. FuretIère, no artigo consagrado à paixão em seu dicionário, remete à Gassendi e sobre tudo a Descartes.


Em francês moderno, no uso corrente paixão está totalmente liberada da noção de passividade e possui ao contrario uma significação ativa e positiva para designar uma afecção violenta, ou um gosto vivo. É com essas conotações que se fala de um amor-paixão.

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